Assim como em praticamente todos setores, a classe artística também sentiu os impactos, tanto financeiro quanto no que diz respeito à saúde. Contudo, de maneira ainda mais intensa, pois se os demais setores foram retomando gradualmente suas atividades, a classe artística, que foi a primeira a parar, ainda não reingressou ao mercado de trabalho efetivamente. Em meio a grandes dificuldades, alguns artistas tentaram se reinventar, chegando a buscar fontes de recurso através de outras atividades.
Mas para tudo há exceção e assim, alguns artistas buscaram forças além imaginável. Genaldo Pessoa da Silva, o Palhaço Chupeta, não apenas se reinventou e se reconstruiu através de um processo criativo em meio à pandemia. Protagonista de história de vida de muitos desafios, bem como conquistas e a alegria de viver, que o acompanham desde criança, Chupeta projetou uma grande Geodésica, acompanhada de uma tenda tão grande quanto, para que pós-pandemia tal estrutura possa ser utilizada para apresentações artísticas das mais diversas possíveis.
Segundo o próprio artista, a inspiração para construir a estrutura em bambu se deu a partir do necessário isolamento social decorrente da pandemia Covid-19, que juntou-se a um momento em que Chupeta já se sentia emocionalmente desmotivado e desvalorizado artisticamente: “Quando a pandemia se instalou em Poços de Caldas resolvi rever minha vida por completo. Parei para refletir sobre meu trabalho enquanto artista e sobre o que realmente tinha verdadeiro valor para mim. Junto com minha esposa Lúcia Fernanda Pereira, que também é artista circense, minha imaginação se aflorou neste período. Então decidi colocar em prática algo que há anos queria fazer. Como tudo que faço na vida, construí essa estrutura maravilhosa com muito amor. A Geodésica é resultado de dificuldade transformada em oportunidade, uma concretização de algo que antes da pandemia era apenas um sonho”.
Depois de grande esforço para adquirir os materiais necessários e construir essa estrutura, a primeira exibição pública da Geodésica em conjunto à super tenda circense aconteceu em outubro, sendo esse o principal equipamento utilizado no evento Circo Fest, que é realizado pela Companhia de Circo Penduricalhos. Intitulada Bambule-Artes, a estrutura chamou a atenção do público, levando alegria, entretenimento e cultura, principalmente para crianças, além de novamente colorir a praça do Museu com cores vivas da arte.
Este novo projeto de Chupeta já conta com importantes parceiros, como os produtores culturais Leandro Bertozzi, do núcleo Carimbo Cultural e Rodrigo Lee, da Arte Poços. Tendo recebido críticas extremamente positivas de sua nova criação, além de novos interessados em contratar a Bambule-Artes para eventos, Chupeta pretende fazer desse equipamento cultural mais uma das grandes atrações que a cidade e seus artistas locais possam oferecer à população, bem como ao turista em 2022, ano em que Poços de Caldas estará completando 150 anos.