Sonhos subconscientes e a vivência marginalizada de um corpo que foge das normativas de gênero fazem parte da narrativa
A performance “E se… Sonho, Calo, Rosno”, de Kistraña, estreia neste domingo, 19, às 20h, em formato digital com três blocos diferentes, no Youtube/poçoscurteemcasa, canal da secretaria de Cultura de Poços de Caldas, cujo edital de fomento cultural viabilizou esta produção audiovisual.
A proposta consiste num aprofundamento da arte da performance mesclada com a arte drag queer dentro do audiovisual, se utilizando de dinâmicas sociais e rotineiras, tanto individuais quanto coletivas, de modo a instigar o público a imergir e refletir sobre fatos concretos e subjetivos, internos e externos; que nos movem numa sociedade globalizada e culturalmente perpetuada por princípios pertencentes à determinado grupo de pessoas.
A composição apresenta três atos e se baseia na construção da narrativa que é criada através de poemas escritos pela artista local Letícia Pereira no zine “Poetize a Liberdade” e textos autorais que partem de sonhos subconscientes e a vivência marginalizada de um corpo que foge das normativas de gênero.
A arte queer tem como fundamento o trabalho de delírios próprios, fragilidades e sexualidade de um corpo LGBTQIA+ que causa certo estranhamento social, criando um estilo artístico autônomo, anormal, excêntrico e provocador. Atrelado ao campo queer, a proposta se utiliza do movimento surrealista enquanto um espaço voltado para a criação livre se apoiando no inconsciente, por meio da imaginação, sem compromisso com a realidade, e tendo como norte as possibilidades existentes no experimentalismo; compondo assim as imagens dispostas ao longo da performance, trabalhadas através da maquiagem e de objetos e adereços cênicos; que também se liga com a arte da performance. Além da utilização dos ideários de Antonin Artaud transpostos junto às demais linguagens, que se baseia no corpo enquanto principal verbalizador do que se sente em ser dito, concretizando a transformação da palavra através e com o movimento.
A proposta pretende ser uma ferramenta para dialogar sobre a igualdade de gênero, a inclusão e a valorização da diversidade da cultura brasileira, evidenciando a importância da representatividade LGBTQIA+ nos espaços da cidade.
Dani Silva, idealizador do roteiro e responsável pelo alter ego Kistraña, comenta: “Buscamos a ocupação de diversos espaços da cidade pela arte e diversidade, apresentando um trabalho que quer enaltecer vivências já censuradas socialmente, fortalecendo a luta pelo respeito, pelas diferenças e pela desintoxicação do ódio; não só pontuando ações entre as pessoas, mas em como mantemos nossa relação com o mundo ao qual habitamos.”
E complementa: “Nos empenhamos em produzir um material que dialoga sobre amor e resistência LGBTQIA+, homenageando pessoas que levantam a bandeira da diversidade e lutam por mais respeito e igualdade.”
Com produção audiovisual de Paulo Tothy e produção executiva de Chiara Carvalho, da Carvalho Agência Cultural, a performance busca enaltecer ainda diversas obras de artistas brasileiros e de poços-caldenses, com uma seleção especial de trilha sonora, poemas e outras referências que compõem o roteiro da obra.
SOBRE KISTRAÑA
Persona construída por Dani Silva em 2017, primeiramente como Gerda Mueller. Com a necessidade da transmutação, se transformou, em 2021, em: Kistraña. Adjetivo latino-americano incategoricamente saudável. É a força do estranhamento, a matriz do atravessamento e o incitamento à contracultura. Influenciade pelo fogo do desejo e pela ação de ser além do que se pode ser. Criado pra obedecer, ensinada a revolucionar.
PERFORMANCE:
“E se… Sonho,
Calo,
Rosno.”
Data: domingo, 16 de dezembro de 2021
Horário: a partir das 20h
Youtube Poços Curte em Casa
Bloco 1: https://youtu.be/zUMmOEE03kk
Bloco 2: https://youtu.be/tfji1jppSdc
Bloco 3: https://youtu.be/iUxJXzj9UGk
Fotos: Paulo Tothy