No IMS Poços, a programação fica em cartaz de 2 a 24 de agosto. Uma realização conjunta de Rosza Filmes e Elo Studios, a mostra também será apresentada em outras cidades e salas de cinema.
Glenda é de Poços de Caldas e Ary, também mineiro, ambos radicados em Cachoeira, no Recôncavo Baiano; os cineastas adotaram o local onde vivem como fonte de inspiração para sua filmografia, com obras em que a paisagem, a coletividade e o encontro têm papel central. A obra completa da dupla é apresentada na mostra Cinema é Cachoeira – Os filmes de Ary Rosa e Glenda Nicácio, coproduzida pela Elo Studios e pela Rosza Filmes e com curadoria dos próprios cineastas.
Em São Paulo e Poços de Caldas, a mostra será exibida nas sedes do Instituto Moreira Salles. No IMS Paulista, a seleção ficou em cartaz de 25 a 31 de julho. Já no IMS Poços, a mostra inaugura no dia 2 de agosto e vai até 24 de agosto. No dia da abertura, nesta sexta, 2, às 19h, será exibido o filme Até o fim, seguido de debate com os diretores Ary Rosa e Glenda Nicácio e as atrizes Wall Diaz e Arlete Dias. A programação em Poços inclui também uma oficina, no sábado, 3, às 14h, ministrada pela dupla de cineastas e aberta ao público.
A seleção apresentada nas salas do IMS é composta pelos seis longas-metragens dos diretores: Mugunzá (2022), Ilha (2018) – os dois inéditos no circuito exibidor – Café com canela (2016), primeiro dirigido pela dupla, Até o fim (2020), Voltei! (2021) e Na rédea curta (2021). Feitos muitas vezes com as mesmas equipes e elencos compostos por pessoas da região, os filmes articulam relações entre popular e experimental, criando formas de narrar de acordo com os laços e dinâmicas do Recôncavo Baiano.
Em texto publicado na revista de cinema do IMS, Glenda e Ary comentam a retrospectiva e o processo de concepção dos seus filmes: “A mostra é um desejo antigo, e agora realizado, de poder finalmente alcançar o circuito de exibição com um conjunto de filmes que, juntos, traçam uma proposta de cinema feito no interior, no Recôncavo da Bahia. Poderíamos falar que é também um mapa de como chegamos até aqui, de como viemos vivendo de cinema no interior do Brasil, tentando produzir um filme por ano, com histórias, orçamentos e dinâmicas que foram sendo aprendidas e adaptadas de acordo com os limites do território.”
Café com Canela narra o reencontro entre duas mulheres da cidade de São Félix, no Recôncavo, com vidas bastante diferentes: Margarida, uma professora aposentada que enfrenta o luto pela morte de seu filho, e sua ex-aluna Violeta. O reencontro entre as duas desperta um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas, cafés com canela, novos amigos e velhos amores. O longa-metragem seguinte da dupla, Ilha (2018), é protagonizado por personagens masculinas que, assim como as mulheres em Café com Canela, precisam lidar com os traumas e a imposição da violência no cotidiano. No filme, marcado pela metalinguagem, Emerson, um jovem da periferia, sequestra Henrique, um premiado cineasta, para fazer um longa-metragem sobre a história do local onde vive.
Em Mugunzá (2022), os diretores exploram uma nova linguagem: o musical. O filme, que se passa inteiramente em um teatro, apresenta uma anti-heroína contemporânea, que desafia o poder coronelista. A protagonista é vivida por Arlete Dias, atriz que participou da maioria das produções dos cineastas e para quem o filme foi escrito. Já o longa Até o fim (2020) mostra o reencontro de quatro irmãs que, após 15 anos sem se ver, precisam se reunir para lidar com a morte iminente de seu pai. O filme é centrado nos diálogos, aspecto central da obra da dupla, em referência à tradição das contações de histórias e dos griôs na cidade de Cachoeira.
Também estruturado pelos diálogos, Voltei! (2021) se passa num futuro próximo, no qual uma irmã volta dos mortos para encontrar sua família. Em entrevista à revista Cinética, Ary Rosa comenta a importância da conversa em suas obras: “Se a falta de dinheiro trava a produção, a palavra, enquanto linguagem, é uma possibilitadora de recursos e múltiplas criações. Não por acaso, trabalhamos com elencos que, antes de tudo, são exímios contadores de histórias.”
As relações familiares também são tema do filme Na rédea curta (2021), que narra a história de um jovem de Salvador que, ao saber que terá um filho, decide ir atrás do seu próprio pai, que nunca conheceu, na cidade de Cachoeira. O longa, que conta com a participação especial da atriz Zezé Motta, é a adaptação cinematográfica para a websérie de comédia de mesmo nome, de Thiago Almasy e Sulivã Bispo.
A Mostra Cinema é Cachoeira – Os filmes de Ary Rosa e Glenda Nicácio é viabilizada pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço
Mostra retrospectiva Cinema é Cachoeira − Os filmes de Ary Rosa e Glenda Nicácio
IMS Poços
De 2 a 24 de agosto
Ingressos para as sessões: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Os ingressos podem ser comprados no site ingresso.com ou na bilheteria dos centros culturais
*Com exceção da sessão de abertura (2/8, às 19h), que terá entrada gratuita, com distribuição de senhas 1 hora antes e limite de 1 senha por pessoa.
Oficina com Glenda Nicácio e Ary Rosa no IMS Poços
3 de agosto, das 14h às 18h.
Entrada gratuita, com distribuição de senhas 1 horas e limite de 1 senha por pessoa
Após a oficina, às 19h, será exibido o filme Mugunzá.
IMS Poços
Rua Teresópolis, 90. Poços de Caldas/MG
Tel.: (35) 3722-2776