A Câmara de Poços recebe, até 18 de novembro, a exposição “ENCAIXOTADOS – Diletantismo de uma ponderação necessária”, que traz nove telas de autoria do engenheiro agrônomo, empreendedor e pintor amador Gabriel Tarquínio Bertozzi. A abertura aconteceu na última terça-feira, 1º, no saguão de entrada do Legislativo.
Segundo o autor, a exposição traz um questionamento, de uma maneira lúdica e ao mesmo tempo desafiadora, sobre a naturalidade com que a sociedade lida com os bancos. “Nas cores de suas poucas marcas empreendi pinceladas de um interior ensimesmado e questionador. Devemos acatar todas as regras, filas e taxas? Podem ser estas instituições tão mandatárias de nossas vidas? Quem de fato representa suas personalidades jurídicas? Quem é a voz que diz não, quando questionada e sim, quando se impõe aos clientes e sistemas? Quem financia quem? O que separa os bancos da marginalidade agiota frente à legalidade de suas operações? O que os une? O que blinda suas operações para além de seus cofres? A quantas andam suas dívidas tributárias para com o tesouro?”, diz trecho do texto que consta na mostra.
Gabriel Tarquinio Bertozzi falou sobre a importância da exposição e, principalmente, da discussão do tema pela comunidade. “Trata-se de uma série de nove telas que eu produzi sem grandes pretensões artísticas, mas no propósito de lançar uma luz a um tema que precisa ser discutido, que é a relação profundamente desigual entre bancos e consumidores. Nós cidadãos lidamos com personalidades jurídicas virtuais e, quando queremos saber as pessoas reais que nos respondem, não obtemos respostas. Essa exposição foi um trabalho de diletantismo, feito de maneira totalmente informal e sem fins econômicos. Me dá uma certa satisfação promover essa ação sobre um tema coletivo e que precisa ser mais amplamente tratado. Fico muito feliz que hoje ela esteja exposta em uma Casa de Leis, o que subentende que as pessoas que aqui atuam tratam esse tema com seriedade e têm a possibilidade de esmiuçá-lo ainda mais”, disse.
O autor das telas ressaltou, ainda, que o tema precisa ser sempre debatido. “Não podemos deixar esse assunto despercebido, mesmo porque a visão que os bancos sempre passam em suas peças publicitárias é a de famílias felizes e sonhos sendo realizados, sendo que a realidade é outra. O nível de endividamento da sociedade hoje é muito alto. Eu sou comerciante e acho que devemos ter capital produtivo. Sabemos que estamos em um momento de muita polarização, mas acho que o grande problema nosso é a financeirização, o capital improdutivo e a especulação. Quanta gente está aí sem produzir nada e apenas especulando. Nesse sentido, sabemos que as instituições financeiras são vorazes e garimpam as pessoas dentro desse sistema”.
A vereadora Luzia Martins (PDT), autora da proposta para a realização da mostra, destacou a necessidade de se discutir a relação da sociedade com o mundo financeiro. “O Gabriel é um bom amigo e um talentoso artista plástico amador que traz críticas relevantes referentes ao mercado econômico. Achei a mostra bem interessante e relevante para ser colocada nesse espaço democrático, inclusive fomentando a reflexão da população sobre esse tema. A população é, muitas vezes, ‘escrava’ de um sistema e nem se dá conta dessa realidade. O nosso papel aqui na Câmara é incentivar o diálogo e trazer reflexões de diversos pontos de vista. Ele é poços-caldense, uma pessoa muito inteligente e que merece espaço para expor seu trabalho autoral ao maior número possível de pessoas”, afirmou
As visitas à exposição podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h, no saguão de entrada da Câmara.