Em Poços de Caldas, são 305 são mulheres em atividade no setor
A discrepância entre homens e mulheres no meio tecnológico ainda é uma realidade brasileira. Números do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) mostram que menos de 20% dos 981.380 profissionais registrados em todo o Brasil são mulheres. Em Minas, essa realidade não é diferente. Dos mais de 132 mil profissionais ativos registrados no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), 19,6% são do sexo feminino, contabilizando pouco mais de 26 mil registros. Em Poços de Caldas, são 1.804 profissionais da engenharia, da agronomia e das geociências. Desse total, 305 são mulheres.
Mesmo em quantidade inferior em relação aos homens, houve um avanço no número de mulheres registradas nas diversas modalidades no Crea-MG nos últimos anos. Em 2010, por exemplo, foram 980 novos registros femininos, enquanto que em 2019 esse número saltou para 3.155, um aumento de 222%. A maioria dos registros foi na modalidade de civil, com 2.382, seguido por mecânica e metalúrgica, com 272, e elétrica, com 191.
Embora seja observada essa progressão, ainda há um longo caminho para diminuir a diferença entre os gêneros. Uma das ações para promover essa igualdade na engenharia, na agronomia e nas geociências é o Programa Mulher, do Sistema Confea/Crea e Mútua. Lançado em 2019, o programa tem como objetivo fomentar a elaboração de políticas de incentivo para a atuação e protagonismo de mulheres dentro das diversas entidades de classe e Regionais. Essa iniciativa também vem com o propósito de atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 5 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
A versão mineira do programa será apresentada no próximo dia 04 de março, quando será homologada pelo plenário do Crea-MG, e terá 21 representantes de instituições de ensino, sindicatos, entidades de classe, poder público, profissionais do Sistema e Crea Jr. “Implantar um programa a nível federal e agora também a nível estadual para olhar para essas mulheres de forma igualitária é um avanço muito grande. Precisamos mostrar para as profissionais que o Sistema se importa com elas”, afirma a engenheira civil Flávia Roxin, que é representante das Coordenadorias Nacionais de Câmaras Especializadas no comitê gestor do Programa Mulher.
Flávia explica que será feito um levantamento detalhado trazendo um trabalho de pesquisa mais amplo, dados estatísticos e mapa da participação feminina, de forma a entender o que acontece com as profissionais desde a sua graduação. “É necessário fazer acontecer, tirar do papel e propor ações práticas que tragam resultados em curto prazo, trabalhar de uma forma que atraia o interesse das profissionais em participar das ações e contribuírem com as mudanças”, garante a engenheira.
No próprio Crea-MG, a representação feminina ainda é bastante tímida. No plenário da casa, as mulheres correspondem a 9,2% do número total de 108 conselheiros. No comando das 64 Inspetorias do Crea, espalhadas por todo o estado, são 10 mulheres como inspetoras-chefes. “Acredito que, por ainda sermos a minoria dentro do Conselho, ao contrário da população brasileira em que as mulheres são maioria, falta um movimento maior para que seja aplicada a igualdade na área tecnológica. As mulheres são tão capazes quanto os homens para fazer o que elas quiserem e trabalhar com o que se dispuserem”, pontua Flávia.
Para o presidente do Crea-MG, engenheiro civil Lucio Borges, o Programa Mulher vem reconhecer a importância da presença feminina nos espaços decisórios. “Na nossa gestão, sempre tivemos a participação de mulheres na diretoria. Entendemos a importância dessa participação e, por outro lado, sabemos das dificuldades que elas enfrentam no mercado de trabalho. Então, o Programa Mulher vai potencializar as vozes das profissionais para que elas tenham o devido reconhecimento de sua atuação e contribuição para o desenvolvimento da sociedade”, ressalta Lucio Borges.