Na sexta-feira, 12 de fevereiro, a diretoria da Santa Casa, assim como a coordenação da Unacon, foi surpreendida com um post nas redes sociais, que foi seguida por reportagens em jornais, sobre a visita de quatro vereadores, que estiveram na frente da Unidade para averiguar a situação dos pacientes que esperam desde as 4h da manhã, segundo a própria publicação, sem estrutura, para serem atendidos.
Com isso, o Hospital vem a público esclarecer que diferente do que foi publicado, dizendo que os pacientes esperam por causa de uma distribuição “precária” de senhas, os atendimentos são marcados com antecedência, não havendo risco dos pacientes não serem atendidos.
O enfermeiro responsável pelo Setor, Guilherme Tavares, explica que é avisado constantemente para que os pacientes não cheguem antes da hora, mas essa orientação não é seguida, principalmente por pacientes de fora da cidade, que vêm para as consultas em transportes coletivos que muitas vezes saem muito cedo das cidades de origem, chegando na Unacon muito antes do horário previsto.
“Devido às recentes reclamações relacionadas à fila de madrugada na porta da Unacon, venho me solidarizar com os relatos dos pacientes que dizem estar chegando às 4h da manhã. Porém, lembramos que o horário de funcionamento da unidade é das 7h às 17h e, para acolher os pacientes, contamos com a colaboração de alguns funcionários da área administrativa e assistencial para realizar esse acolhimento após às 6h30, justamente para que caso o transporte chegue antes a unidade já possa fazer o acolhimento. Aproveitamos para solicitar a colaboração dos pacientes para que não se adiantem dessa forma, pois gera um risco e um cansaço excessivo. O horário estabelecido para as consultas e tratamento deve ser seguido, pois nenhum paciente deixará de ser atendido chegando no horário programado”, relata Guilherme, que explica ainda o porquê de não abrir a unidade ainda mais cedo.
“Para abrir a unidade é necessário um profissional de saúde capacitado para atender os pacientes caso alguma intercorrência aconteça. Abrir a unidade de madrugada para acolher diversos pacientes somente com um segurança, conforme foi sugerido, deixa os pacientes tão vulneráveis quanto do lado de fora e reforça uma espera grande e penosa ao paciente que será atendido somente horas depois”, afirma o enfermeiro.
Alternativa
Mesmo com a luta diária para que os pacientes não cheguem antes do horário estipulado, a Santa Casa há tempos vem buscando alternativas para dar mais conforto e segurança para os usuários da Unacon. Foi proposto no início de janeiro ao prefeito Sérgio Azevedo a criação de parklets, vagas vivas, em frente à Unidade. O projeto já se encontra em andamento no Setor de Planejamento da Prefeitura e conta com o apoio da secretária adjunta de Planejamento, Cibele de Melo Benjamin, para que seja viabilizado o quanto antes.
“A sugestão dos parklets foi de imediato acatada e incentivada pelo prefeito, pois o consenso é o mesmo entre todos: proporcionar aos pacientes espaços de convivência de qualidade, nos quais eles podem sentar para tomar o café oferecido gratuitamente pelo Café Cacon, aguardar as suas consultas em local seguro e ventilado e até mesmo almoçar, pois deve-se considerar que inúmeras pessoas carentes vindas de cidades distantes almoçam no local, pois trazem ou compram marmita. A ideia das vagas vivas é proporcionar aos pacientes o acolhimento e a humanização que eles merecem, transformando o sofrimento e a angústia da espera pelos resultados em momentos mais leves, onde possam observar o movimento ao redor, observar a natureza ou até mesmo conversar e conviver com os demais pacientes”, relata a arquiteta do Hospital, Natália Siqueira, responsável pelo projeto dos parklets.
Café Cacon
A provedora da Santa Casa de Poços, Célia Maria de Souza, que também é a presidente em exercício do SOS Santa Casa, lembra de toda a estrutura que é montada através do Café Cacon para receber os pacientes oncológicos com toda a dignidade.
“Entendo que quando alguém quer ajudar, pelo bom senso, se obriga a saber fundamentos. É o caso da Unacon. Apesar do desconhecimento dos fatos por muitas pessoas, pude avaliar o tamanho apoio pelos amigos da Santa Casa, pelos companheiros da Irmandade e meus colegas contabilistas. Em fevereiro de 2005 , um grupo de senhoras da sociedade, convidadas pela Dona Lilia Carvalho Dias , criou a Associação dos Voluntários Amigos da Santa Casa – CNPJ: 07.414.341/0001-52. Eu estava lá, e continuo até hoje. Muitos voluntários daquela época, por motivos particulares justificados, precisaram se afastar. São 15 anos que diariamente, no horário de 7h30 às 8h30, com muito zelo e carinho, é servido: café, pāes, manteiga, bolachas, leite, chocolate, chás, sucos, frios, frutas, nos padrões higiênicos exigidos pela Vigilância Sanitária. São servidos todos os dias aproximadamente a duzentas pessoas vindas de várias cidades da região, para tratamento oncológico, fragilizados financeiramente , inclusive seus acompanhantes”, explica Dona Célia, que agradece ao apoio da sociedade para que o Café Cacon continue servindo o café da manhã aos pacientes.
“Em nome do nosso SOS Santa Casa, toda gratidão aos voluntários que toda manhã servem o lanche. Aos inúmeros empresários, pessoas físicas, integrantes do Lions e Rotary Club, Alcoa, Sindicatos de Classe, Órgāos Públicos Federais, Estaduais e Municipais, eterno agradecimento na ajuda de nossos objetivos. Somos humanos e vamos continuar. Tenho que relatar também que nesses 15 anos jamais recebemos uma visita ou ajuda da secretaria da Promoção Social do Município, que embora exista, passamos despercebidos”, lamenta Dona Célia.