Para celebrar o legado da ativista, será realizado um evento presencial neste sábado, dia 8 de outubro, no Espaço Cultural da Urca em Poços de Caldas, cidade natal de Laudelina. Na ocasião, haverá um debate com Preta Rara, Dayane Tropicaos e Viviana Santiago. Ainda em homenagem a Laudelina, no dia do seu aniversário, 12 de outubro, o IMS exibirá, em seus centros culturais no Rio de Janeiro e em São Paulo, os filmes Digo às companheiras que aqui estão e Marte Um.
Figura central da história do país, Laudelina de Campos Mello (1904- 1991) dedicou sua vida ao ativismo negro, feminista e sindical. Nascida em 1904 em Poços de Caldas, começou a atuar como trabalhadora doméstica aos sete anos de idade. Na década de 1930, tornouse militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da Frente Negra Brasileira (FNB). Em 1936, fundou a primeira associação de trabalhadoras domésticas do Brasil, na cidade de Santos. Até seu falecimento, em 1991, continuou atuando de forma pioneira pela defesa da categoria.
Com o intuito de celebrar a vida e o legado de Laudelina, o Instituto Moreira Salles promove uma programação especial em torno da ativista. No dia 8 de
outubro (sábado), das 15h às 17h, a cidade de Poços de Caldas), onde a ativista nasceu, recebe o evento Laudelina: trabalho doméstico e resistências, que inclui uma apresentação artística e um debate. Devido às reformas do IMS Poços, o evento acontecerá em outro importante local da cidade mineira: o Espaço Cultural da Urca.
Já no dia 12 de outubro (quarta-feira), data na qual Laudelina completaria 118 anos, os cinemas das sedes do IMS no Rio de Janeiro e em São Paulo exibem dois filmes que ecoam o legado de lutas da ativista: o documentário Digo às companheiras que aqui estão (2022), de Sophia Branco e Luís Henrique Leal, e o longa-metragem Marte Um (2022), de Gabriel Martins, indicação do Brasil ao Oscar. Sobre o evento Laudelina: trabalho doméstico e resistências, em Poços de Caldas.
No dia 8 de outubro, a programação em Poços de Caldas começa às 15h com o espetáculo de música e dança Sobre nossas marcas, apresentado pelos grupos Impactus, Danças Urbanas Union Crew e The Trinity, uma homenagem ao ativismo feminino. Em seguida, das 15h30 às 17h, haverá um debate em torno dos avanços e desafios que a categoria
enfrenta hoje. A mesa será aberta com falas de Tita, professora aposentada e escritora, e da arteeducadora Lúcia Vera de Lima, do projeto Chico Rei.
Em seguida, a rapper, professora e ativista Preta Rara conversa com a artista visual Dayane Tropicaos, com mediação de Viviana Santiago, coordenadora de Diversidade e Inclusão do IMS. O bate-papo será transmitido ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook do IMS, com interpretação em Libras e legendas automáticas. O evento reforça a importância de relembrar a memória de Laudelina e da Associação de Empregadas Domésticas no Brasil na luta feminista e antirracista.
Fundada nos anos 1930, a associação teve seu funcionamento afetado tanto pela repressão do Estado Novo quanto da Ditadura Civil-Militar. Em 1988, com a promulgação da nova constituição, tornou-se um sindicato. Foi uma das organizações pioneiras na construção da luta desse movimento social que, desde então, vem conquistando direitos essenciais, como
a aprovação da chamada PEC das Domésticas, em 2013.
Sobre as sessões de cinema em São Paulo e no Rio de Janeiro
Para celebrar o aniversário de Laudelina, no dia 12 de outubro (quarta), os cinemas do IMS Rio (Rua Marquês de São Vicente, 476 Gávea, RJ) e IMS Paulista (Av. Paulista, 2424, SP) promovem sessões especiais de dois filmes que dialogam com a trajetória de Laudelina e com a história da luta por direitos das trabalhadoras domésticas.
Dirigido por Sophia Branco e Luís Henrique Leal, o documentário Digo às companheiras que
aqui estão (2022) aborda a vida de Lenira Maria de Carvalho (1933-2021) que, assim como Laudelina, foi uma das mais importantes lideranças do movimento de trabalhadoras domésticas no Brasil. Nos anos 1970, fundou com outras trabalhadoras a Associação das Trabalhadoras Domésticas do Recife e, na Constituinte, foi a liderança que representou a voz da categoria no Brasil.
No documentário, Lenira é entrevistada em sua casa poucos meses antes de seu falecimento, em 2021, e narra sua trajetória.
Exibido em seguida, o filme de ficção Marte Um (2022) apresenta a rotina de uma família negra de classe média baixa, os Martins. Sonhadores e otimistas, levam a vida às margens de uma grande cidade brasileira. Entre os personagens, está a mãe Tércia, uma trabalhadora doméstica que vive uma crise financeira e existencial após as eleições presidenciais de 2018. Marte Um é a estreia na direção solo do cineasta Gabriel Martins em longa-metragem e foi financiado pelo primeiro e, até agora, último edital afirmativo do Brasil, que, em 2016, contemplou três longas produzidos ou dirigidos por pessoas negras.
O filme estreou na edição deste ano do Festival de Sundance e agora é o indicado do Brasil ao Oscar. No IMS Rio, Digo às companheiras que aqui estão será exibido às 17h e Marte Um, às 18h. Já na sede de São Paulo, as sessões acontecem às 18h e às 19h. A entrada da sessão de Digo às companheiras que aqui estão é gratuita. Já para as exibições de Marte Um é cobrado ingresso regular.
Serviço
Evento Laudelina: trabalho doméstico e resistências | Poços de Caldas
8 de outubro (sábado), das 15h às 17h
Entrada gratuita. Evento sujeito à lotação.
Espaço Cultural da Urca (Salão Bruno Felisberti)
Praça Getúlio Vargas, s/n – Centro
Programação completa
15h – Apresentação artística: The Trinity + Union Crew + Impactus
15h20 – Cerimonial
15h30 às 17h – Abertura e Mesa: Preta Rara + Dayane Tropicaos | Mediação Viviana Santiago. Com transmissão ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook do IMS
Sobre as participantes
Preta Rara
Rapper, historiadora, turbanista e escritora. Nascida em Santos (SP), tem uma trajetória marcada pela atuação em movimentos negros e feministas. Historiadora de formação, aos 20 anos montou um grupo de rap. Seu projeto #EuEmpregadaDoméstica, que começou com um depoimento pessoal sobre abusos que sofreu na época em que era doméstica, abriu um novo espaço para o diálogo sobre as condições das trabalhadoras domésticas no país e deu origem a um livro. Atualmente, dedica-se a projetos relacionados à música, diversidade e representatividade.
Dayane Tropicaos
Artista visual, começou produzindo vídeos e fotografias, buscando diálogo com a cidade de Contagem, onde nasceu e desenvolveu seus primeiros trabalhos. Além da produção de obras, a artista busca questionar o lugar da arte na sociedade, criando propostas para espaços fora da galeria, para que a arte possa ser vivenciada também na rua e em espaços comuns. Em seus trabalhos, investiga a ficção do eu e do agora usando a fotografia, o vídeo e a instalação.
Viviana Santiago
Coordenadora de Diversidade e Inclusão do Instituto Moreira Salles, possui habilidades destacadas em comunicação, liderança de redes, elaboração de posicionamentos e artigos, diagnóstico e auditoria de gênero e raça. Atua nas áreas de políticas de igualdade de gênero, promoção de equidade racial, inclusão e na representatividade e no engajamento voltados à garantia dos direitos da criança e do adolescente, especialmente do gênero feminino, na comunicação e ação junto ao poder público, institutos e empresas.
Lúcia Vera de Lima
É formada em pedagogia e mestra em cultura popular pelo MinC. Arte- educadora, atuou em vários projetos sociais. É articuladora do Coletivo de Mulheres Negras Mercedes Santana e bandeireira do Terno de Congo de São Benedito. Atualmente, é diretora cultural do Centro Cultural Afro-Brasileiro Chico Rei, e arteira com as bonecas Ashanty.
Maria José de Sousa (Tita)
Professora aposentada e escritora, Tita possui uma aproximação com movimentos da cultura popular e lançou em 2016 seu último livro, Reinado e poder no sul de Minas. Nasceu em Poços de Caldas, em 1939, onde se licenciou em filosofia, história e pedagogia. Mestra em ciências sociais pela UFBA, atuou no Chico Rei e no Conselho Estadual de Participação e Integração da Comunidade Negra de Minas Gerais.
The Trinity + Union Crew + Impactus
Para homenagear todas as mulheres guerreiras, de diversos gêneros ou raças, e enaltecer a força do feminino, trazendo conhecimento sobre a ancestralidade em cada uma de nós, o grupo feminino Impactus, com o grupo de Danças Urbanas Union Crew, em parceria com The Trinity, grupo que luta pelas causas LGBTQIAP+, apresenta o espetáculo Sobre nossas marcas.