Reconhecendo as dificuldades enfrentadas pelas pessoas transexuais, a secretaria de Saúde Poços de Caldas está estruturando um protocolo de atendimento específico para essa população. O protocolo prevê o fluxo de atendimento da pessoa transsexual nos equipamentos de saúde já existentes, bem como a criação de um ambulatório no novo serviço de referência que promova cuidados especializados, como hormonização, psicoterapia e promova a capacitação dos diversos setores parceiros da rede.
O secretário de Saúde, Carlos Mosconi destaca a importância do atendimento adequado a essa população. “A abertura do Ambulatório realizará o atendimento da demanda reprimida existente com abordagem profissional de um seguimento que merece e tem o direito de atenção à sua saúde. Além do local adequado, profissionais capacitados e vocacionados para esta questão, nos dão a garantia da prestação de um bom serviço.”
Em janeiro se comemora o mês da Visibilidade Trans. O Brasil vive a triste estatística de ser o país com maior número de mortes de pessoas transexuais no mundo (ANTRA, 2021), e constantemente essa população se encontra em situação de alta vulnerabilidade, como dificuldade de emprego e ausência de apoio familiar.
Para o psicólogo da secretaria de Saúde, Celso Fernandes Patelli, a ação é muito necessária e reforça a posição vanguardista de Poços de Caldas, acompanhando o que há de mais moderno nas políticas de saúde. “Muitas vezes o cuidado da população trans foi negligenciado em razão da sua complexidade. Trabalhando com esse grupo há alguns anos, pude testemunhar o sofrimento vivenciado por essas pessoas e como uma política específica de cuidado pode ser transformadora, repondo a condição de cidadão do paciente e garantindo uma vida digna”.
Celso ainda ressalta que além dos atendimentos, procedimentos e atividades de educação em saúde, esse tipo de assitência gera ganhos simbólicos para as pessoas. “A pessoa trans entende que a política pública de saúde também engloba suas necessidades específicas, a rede de atendimento sensibiliza o seu olhar para pontos que muitas vezes passavam despercebidos, auxiliando a diminuir preconceitos e violência.”
A experiência de outros locais que já implantaram o ambulatório, aponta que há uma melhor adesão e melhores cuidados quando se tem um local próprio para esse tipo de acolhimento.
Para o Médico de Família e Comunidade Euclides Colaço o cuidado da pessoa trans vai muito além da terapia hormonal e de abordagens cirúrgicas. “O ambulatório tem um papel de ser mais uma ferramenta para melhorar o cuidado das pessoas transexuais, mas toda a rede de saúde deve saber cuidar e acolher. No Brasil temos a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNSILGBTT) que nos lembra que a saúde destes indivíduos merecem toda assistência à saúde. Assim, por exemplo, é dever da Atenção Primária a Saúde (APS), as equipes da estratégia de Saúde da Família (ESF) manter as atividades de promoção, prevenção e vigilância em saúde destes e, em se detectando uma demanda ou necessidade específica deste indivíduo, acionar o ambulatório trans”.
“O objetivo é agregar, como mais um recurso que esta população pode dispor. Isso muda o quanto este usuário se sente acolhido e cuidado no sistema de saúde. Melhora inclusive a expectativa de vida. Esse é o ponto”, ressalta Médico da Família e Comunidade e referência no atendimento às pessoas trans, Euclides Colaço.
O serviço está em fase se estruturação, mas já está em pleno funcionamento de segunda a sexta, das 13h às 18h, na Rua Araguaia, nº 259 – Jardim dos Estados.
O atendimento é de portas abertas ou através de encaminhamento feito pela Unidade Básica de Saúde.
O ambulatório conta com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, assistente social, médico, educador físico, enfermeiro, nutricionista e estagiário de psicologia.