A mostra, que abre neste sábado, dia 15 de maio, traz aproximadamente 7.500 imagens em preto e branco tiradas pelo fotógrafo ao longo de sua carreira em Poços de Caldas (MG)
Entre 1958 e 1982, Limercy Forlin (1921-1986) comandou seu estúdio fotográfico na cidade de Poços de Caldas (MG). Pelo local, passaram desde políticos e figuras conhecidas da região até profissionais liberais, operários e imigrantes. Também foi em seu estabelecimento que muitas mulheres tiraram suas primeiras fotografias para as carteiras de trabalho.
Um recorte desse vasto acervo, testemunho da história dos habitantes da cidade, é
apresentado na mostra Retratos de Limercy Forlin, que inaugura no dia 15 de maio
(sábado), na sede do Instituto Moreira Salles em Poços de Caldas. Inicialmente prevista para o mês de março, a abertura foi adiada devido à pandemia de covid-19.
Agora a exposição inaugura no mesmo dia que o centro cultural reabre ao público (15/5). Para visitar a mostra, é obrigatório o uso de máscaras, entre outras medidas adotadas para garantir a segurança de todos (veja mais informações abaixo).
Com curadoria de Teodoro Stein Carvalho Dias, a seleção ocupa dois andares do centro cultural.
No pavimento superior, estão reunidos aproximadamente 7.500 retratos em preto e branco, impressos em tamanho 9cm x 12 cm. As imagens, feitas por Forlin entre 1958 e 1982, provêm do acervo do fotógrafo, sob a guarda do IMS desde 2016 (mais informações abaixo). A maior parte dos retratos foi tirada para ilustrar documentos da população, como RG e carteira de trabalho.
O estúdio foi fundado em 1945, ano em que Forlin chegou a Poços de Caldas. Nascido em 1921, numa família de imigrantes italianos, vivia na cidade vizinha de Vargem Grande do Sul. Com 24 anos, partiu para o novo destino, em busca de oportunidades econômicas. Na cidade, consolidou-se no ramo da fotografia, comandando o negócio junto com sua esposa, Zizi Forlin, por mais de 20 anos.
A exposição reproduz o método que Limercy e Zizi Forlin adotaram para arquivar seus
negativos no estúdio. Com fins comerciais, o acervo era organizado a partir da data de aniversário dos clientes. Cada foto era colocada em um envelope, com o nome e o dia do nascimento do retratado. Os envelopes eram guardados em gavetas, subdivididas pelos meses e dias do ano, em ordem alfabética. Quando um cliente retornava para fazer um novo retrato, seu envelope era localizado pela data de aniversário, e o novo negativo era arquivado juntamente com os de fotografias anteriores. No acervo, há, assim, imagens de pessoas que Forlin retratou em momentos distintos da vida, da juventude à velhice.
Para conceber a mostra, o curador mergulhou no arquivo do fotógrafo e selecionou de 10 a 15 aniversariantes para cada dia do ano, em um período que vai de 1958 a 1982. Os retratos foram distribuídos nas paredes do IMS Poços, seguindo a lógica do calendário.
Para cada dia do ano, há uma coluna com as imagens dos aniversariantes. “Ainda que improvável, não é impossível que os habitantes da região que conviveram com o
Estúdio Limercy se encontrem representados nessas colunas com um, dois, três ou até quatro retratos de épocas distintas, revelando assim uma linha do tempo emocionada que o fotógrafo, sem se dar conta, traçou”, afirma o curador.
Em conjunto, as imagens também apresentam um panorama das transformações
econômicas e culturais que Forlin pôde acompanhar. Na década de 1940, quando o
fotógrafo chegou a Poços de Caldas, a região passava por um momento de ruptura. Os cassinos, opção de lazer conhecida da cidade, haviam sido proibidos no Brasil. Outro fator determinante foi que, com os avanços da medicina e a ampliação do uso de antibióticos, os tratamentos nas águas termais, que atraíam inúmeros visitantes, passaram a ser menos procurados.
Nesse cenário, a economia local precisou se reinventar, com fontes de renda para além do turismo. Na década de 1970, Poços de Caldas passou por uma política de expansão, com a instalação de indústrias de médio e grande porte, que trouxeram uma nova mão de obra à cidade, desde estrangeiros, entre americanos, japoneses e franceses, até trabalhadores vindos das fazendas ao redor e de outras regiões do país.
Essa nova conjuntura também se reflete nas imagens da exposição, como reforça o
curador: “De maneira sutil, essa mudança se faz sentir nos retratos de operários feitos por Limercy Forlin diretamente na fábrica, e num maior número de fotografias de mulheres, que trocam os porta-retratos pelas carteiras de um trabalho conquistado a partir dessa década”.
Das roupas aos penteados, da postura séria ao olhar descontraído, as imagens trazem sinais, vestígios de rupturas e continuidades. Em cartaz até 9 de janeiro, a exposição é também um convite aos habitantes de Poços de Caldas para relembrarem a história da cidade a partir dos rostos de quem a construiu e constrói diariamente.
Sobre o acervo
Em 2016, quando o Estúdio Fotográfico Limercy encerrou suas atividades em Poços de Caldas, os herdeiros do fotógrafo doaram seu acervo de negativos ao IMS. A coleção é composta por cerca de 400 mil negativos, em preto e branco e cromos, que foram arquivados no estúdio entre 1958 e 2002.
Serviço
Retratos de Limercy Forlin: um recorte na história de Poços de Caldas
Abertura: 15 de maio (sábado)
Visitação: até 9 de janeiro de 2022
Entrada gratuita
IMS Poços
Rua Teresópolis, 90, Jd. dos Estados
Poços de Caldas – MG
(35) 3722-2776
Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 14h às
19h.
Ressaltamos que os horários podem sofrer alterações devido à pandemia. Indicamos que sempre consulte nosso site.
Protocolos de segurança
Seguindo as recomendações das autoridades municipais e estaduais e dos órgãos de
saúde no combate à covid-19, o IMS Poços está operando com capacidade reduzida. O uso de máscaras e o distanciamento de 2 metros entre as pessoas são obrigatórios, entre outras regras. As medidas têm o objetivo de manter a segurança de todas as pessoas — visitantes e funcionários — em um ambiente saudável e de cuidado coletivo.
Veja todos os protocolos e recomendações no site do IMS.
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