O escritor, jornalista, editor e tradutor Eduardo Bueno, o Peninha, participou da programação do Flipoços 2025 como integrante da mesa “Bob Dylan, um completo desconhecido?”, intervenções musicais com Helio Flanders e mediação de Roberta Martinelli.
Antes, recebeu jornalistas para um bate-papo descontraído. O escritor mostrou toda a sua irreverência característica, já conhecida do público do seu canal Buenas Ideias no YouTube, onde aborda temas da História do Brasil com um olhar diferenciado para o passado, presente e futuro do país.
E nesta quinta-feira, 1º de maio, às 10h30, participa da mesa Literatura e Biografias – “Eduardo Bueno – Entre Memórias e História”. Entre causos, bastidores e reflexões, Peninha, compartilha os desafios e descobertas que moldaram sua visão sobre país e sua própria identidade. A mediação é da escritora e ilustradora Paula Taitelbaum.
História do Brasil
Seus livros sobre história do Brasil venderam mais de um milhão de exemplares e abriram novas perspectivas para a divulgação da nossa história para um público mais amplo.
“A história econômica do Brasil é basicamente a história da escravidão. O Brasil é o país que recebeu o maior número de escravizados da história da humanidade, é o último país do mundo a abolir a escravidão. Essa é uma consciência que todos nós temos que ter e que tem que começar no colégio. O genocídio dos povos indígenas, que persiste ainda hoje na Amazônia, é algo que tem ser sabido. Ao mesmo tempo, não podemos negar a história dos brancos no Brasil, não só os portugueses, como italianos, alemães, que vieram expulsos de lá, com o governo brasileiro fazendo um monte de promessas que não cumpriu”, avalia.
Como sugestão de leitura, ele indica, claro, um livro de sua autoria: “Brasil: Terra à Vista”. Com preço e linguagem acessíveis, Eduardo Bueno conta a história do descobrimento do Brasil a partir da “visão da proa” (os portugueses que chegavam) e “a visão da praia” (o ponto de vista dos habitantes de Pindorama “a terra das palmeiras”), voltado para adolescentes de 12 a 16 anos. “Eu indico esse livro porque é legal começar pelo suposto início. Mas a gente sabe que o início foi há 10 mil anos, quando os povos originários chegam aqui e ocupam todo o corpo do que viria a ser Brasil”, pontua.
Flipoços
O escritor também falou da importância de eventos como o Festival Literário Internacional de Poços de Caldas no incentivo ao livro e à leitura. “Essas feiras são maravilhosas. É o livro indo até você”, disse. Ele lembrou que uma pesquisa recente mostra que metade dos brasileiros não leu um único livro ao longo de um ano inteiro e que quando o livro vai para a praça, ao ar livre, é uma oportunidade importante na formação de novos leitores.
Quem é Eduardo Bueno
Como autor da Coleção Terra Brasilis – sobre a história colonial do Brasil, publicada a partir de 1998 –, Bueno tornou-se um dos maiores fenômenos editoriais do país, já que os quatro primeiros volumes da série (A Viagem do Descobrimento, Náufragos, Traficantes e Degredados, Capitães do Brasil e A Coroa, a Cruz e a Espada) venderam quase um milhão de exemplares, fato até então inédito na área de História. Bueno foi o primeiro autor brasileiro a possuir quatro títulos entre os cinco primeiros nas listas de mais vendidos dos principais jornais e revistas brasileiros.
Em 2007, Eduardo Bueno foi o idealizador, roteirista e apresentador da série “É muita história”, levada ao ar pelo programa “Fantástico” da TV Globo. Em 2011, Bueno foi convidado pelo History Channel para apresentar “pílulas históricas” escritas por ele. Em 2022, também pelo History Channel esteve à frente da série documental B de Brasil, como parte das comemorações do Bicentenário da Independência, cuja segunda temporada está em fase de finalização.
Relançou pela Editora Sextante, em 2016 a Coleção Brasilis, que em 2023 teve uma nova edição, agora em formato pocket pela Editora L&PM. Em 2020 publicou pela Editora PIU o livro Dicionário da Independência – 200 Anos em 200 Verbetes. Entre os inúmeros prêmios e menções honrosas recebidas por Eduardo Bueno, estão um Prêmio Jabuti e a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta condecoração cultural do país.